terça-feira, 19 de dezembro de 2006


Me sinto uma estrangeira

não tem coisa pior que você se sentir estrangeiro na terra em que vive.
me sinto assim
assado.

não sei se vale a pena dizer,
mas vivo
morto
não importa

o que importa
é o momento
momento de sair de cena
ira pra longe

e entre falácias e engodos
perco tudo à rodo
e finjo que está tudo bem

tudo zen,meu bem.

e tá bom,tá sim

tá nada.

e eu me sinto uma estrangeira
uma ali, parada
na sacada.

e vejo tudo passar em câmara lenta
devagarzinho,como uma locomotiva dos tempos idos.

e me sinto
estrangeira
sem eira
nem beira
nem tempo
de pensar
na volta.

ir pra casa
que casa?

se me sinto estrangeira,
é qualquer lugar
é qualquer nada.

e vou
indo.

sem tempo de ser.

- e o sereno sobre o carro.

-desenhe meu nome.
talvez se lembre.

-já é tarde.

-desenhe.

-escrevo apenas: até mais, estranha.

e sigo.
entre palavras torpes,
mesquinhas.

mas ser realmente sou uma estrangeira?
então tá. sou uma estranha.

e ponto.
final.

[ange]

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