sábado, 12 de maio de 2007

Li esse texto em uma revista feminina e não poderia deixar de publicar aqui.Achei bastante pertinente.Segue abaixo,na íntegra:


NADA COMO UMA MULHER ACIMA DOS 30

Nada como uma legítima afilhada de Balzac. Por mais que o apelo das ninfetas seja renovado na mídia, década após década, as balzaquianas sempre terão seu lugar no altar mais alto do desejo.

O melhor de tudo isso é que a discípula de Balzac esticou lindamente a sua beleza e sobrevida. Se, no século 19, o conceito ficava restrito a uma mulher de 30 anos, não mais que isso, o balzaquianismo hoje, com o avanço da Ciência e dos cosméticos, começa dos 35 para cima, idade em que elas estão “no ponto” para uma madureza ainda mais bela e tentadora.
Desde a “Lolita” de Nabokov, livro filmado por Stanley Kubrick, que o encontro de um homem maduro com uma gazela em flor rende bons dramas, teatro, cinema, novelas...além de riscar, num bater de cílios, o fósforo do desejo no cocoruto de mocinhas, senhores grisalhos ou “cafas” propriamente ditos.
Para ser ninfeta, basta ter pouca idade e frescor; para ser uma lolita é preciso se uma menina impiedosa, de modo a ferver a testosterona no juízo alheio, como no modelo clássico nabokoviniano. A lolita tem corpo de menina e veneno de mulher. Uma ninfeta pode ser apenas uma menina chata, cheia de nove-horas.Raramente uma ninfeta se torna uma lolita, embora muitas acreditem que são o máximo apenas pelo triunfo do registro de nascimento.
Mesmo assim, com toda a maldade de uma lolita, nada se compara a uma afilhada de Balzac.Jamais vale a pena trocar uma mulher dessa faixa, com seu ritmo e o seu luxo de existência, por duas de 17,18,20, como sugerem os clichês machistas.Muitos homens caem nesse conto óbvio da pouca idade, largam precipitadamente as suas mulheres, enfiam-se debaixo dessa arapuca amadora do desejo como um pássaro amador e faminto. Seria o inconsciente incendiado pela invenção do incesto?
O pior é que a explicação talvez não seja tão freudianamente sofisticada.Homem demora tanta para crescer que,mesmo após os 40, se encanta com gazelas que têm, de certa forma, a sua idade mental.
Ah,nada mais irritante do que a pressa de viver e o sexo fast-food das ninfetas.Não têm paciência sequer para um jantar demorado, com drinques e boa conversa. Não têm a linguagem amorosa do diálogo e estão longe de saber o que seja companheirismo.
Não têm sabedoria nem mesmo para dormir de “conchinha”, o lindo sono dos amantes de verdade.
Ah, velho Balzac, conosco a beleza tem mão contrária: nós trocamos, fácil, uma dupla de gazelas por apenas uma grande mulher sempre acima dos 30.

[Xico Sá, autor de Modos de macho & modinhas de fêmea –Ed. Record – é ombudsman informal da mulher e da luta contra a falta de educação sentimental dos marmanjos]

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