sábado, 2 de novembro de 2013

Um dia de cada vez

Olá!

O tempo voa tão rápido que não percebemos o quanto as coisas passam, as pessoas passam, a vida passa. 

Nos últimos dias eu tenho pensado sobre várias coisas, principalmente sobre meu posicionamento acerca da vida e suas complicações. Ainda não terminei uma etapa que começou em setembro deste ano, e por isso tenho estado ansiosa, apreensiva e, como consequência, emagreci e engordei... As coisas mexem comigo. A vida tem dessas coisas, né?

Mas digo com propriedade que nos últimos dias já me acalmei mais o coração. E estou bem melhor.

Pois bem, apesar dos pesares, eu noto que mudei muito em 2013. Como diz a velha frase "quem fica parado é poste", eu tenho caminhado um pouquinho. Quero ser melhor, poxa! Mas esse "melhor" não é no sentido de querer estar acima das pessoas. Não! Esse melhor é só para dizer que quero ser algo melhor para as pessoas. 

No entorno da minha vida eu vejo tantas picuinhas e brigas de ego que até penso se o ser humano é realmente humano. E eu não quero ser assim, não preciso ser assim! Meu Deus, ando tão descrente com meu pares! 

E eu tento não ter esse coração tão maculado. De um lado tem um povo que quer tirar vantagem de você; do outro, pessoas que parecem não gostar de você simplesmente por você existir! Vejo tanto isso!

E na contramão disso tudo, eu navego por mares menos densos, menos complicados. Acho que todos deveriam fazer a pergunta: "- Eu preciso disso tudo?".

Será que precisamos de tantas disputas? Eu sei que desde que o mundo é mundo que essas coisas existem e blábláblá... Mas será que não podemos mudar o curso da história? Será que precisamos ficar nesta batalha infinita por posição socioeconômica???

Ah, meu caro, não preciso disso. Aliás, quem precisa mesmo?
Meu texto está cheio de interrogações porque são perguntas que eu me faço todo dia para ter a certeza de que estou fazendo as escolhas certas.

E posso dizer, meu caro leitor, que sim. Cada dia que passa, cada outono que se vai, eu percebo que minha vida pode ser simplificada. Eu tenho posicionamentos que não se enquadram muito nos de muitas pessoas e isso, às vezes, me deixa em algumas saias justas e me reprime um pouco. Viver em sociedade me é muito complicado!

E para descomplicar, estou me enveredando para outras atividades, como a culinária. Talvez tenha sido a minha válvula de escape. Certa vez, conversando com uns conhecidos, falei sobre tarefas manuais. Eu vejo que isso me distrai e me relaxa, faz com que eu esqueça um pouco os problemas e o mundo lá fora.

Nos últimos meses isso tem sido minha terapia. Tenho cuidado da casa e buscado na internet receitas de pratos capazes de me dar o prazer de cozinhar. Cada etapa que passa eu me surpreendo com minha capacidade de ter mais um afazer prazeroso. Isso é muito bom!

Acho que minha maior terapia é não me deixar consumir com o alheio. E isso me dá um alívio muito grande. Muitas pessoas têm se surpreendido comigo porque eu já fui muito diferente do que sou hoje. Até algumas pessoas já se surpreenderam com minha aparência física, com meu modo de encarar a vida e as várias situações que me chegam e que hoje eu tenho outro comportamento.

Quando criança e adolescente, eu sofri muitos preconceitos. Eu era uma garota reprimida e com aparência de gordinha [até hoje, digamos! Haha!]. Tive apelidos horrendos que me foram dados por colegas de colégio. Eu sofri demais por isso. Tive dificuldades em namorar cedo, tanto que meu primeiro namorado só fui ter aos 20 e poucos anos. Hoje isso parece assustador, não é? rs Mas mesmo na minha época, isso era algo estranho, digamos. Quando minhas amigas já estavam namorando, eu estava estudando. Tanto que fiz duas faculdades [na época da faculdade já namorava sério... rs]. Tudo me foi acontecendo muito devagar, mas hoje eu olho para trás e vejo como Deus foi bom comigo; como Ele me livrou de tantas ciladas (É cilada, Bino!) e como, de certa forma, isso foi bom.

O tempo é algo relativo.

E olho para trás e vejo que, embora tudo tenha a aparência de tardio, foi no tempo certo. Vejo colegas contemporâneas que escolheram namorar e casar cedo, ter filhos em tenra idade e, no entanto, não têm profissão definida. Umas me parecem felizes; outras, nem tanto.  Eu escolhi o inverso. Alguns conseguem tudo isso junto, mas no meu caso foi por etapa. E não há motivos para resmungos, há agradecimentos.

Acho que a vida do outro a ele pertence. Os motivos disso e daquilo só a ele pertencem, não nos cabendo questionar, tampouco tirar conclusões precipitadas.

Se todo mundo escolhesse viver a própria vida, acho que tudo seria diferente. Mas não, as pessoas querem a vida do outro, querem os bens que o outro conquistou, a mulher gostosa que o cara casou e vice-versa.

Eu, desde cedo, aprendi que minha vida é aquela que me foi dada por Deus e só a mim cabe aprimorá-la, mudar ou não o seu curso. E hoje, depois de muito amadurecimento, vejo que não preciso de muito para ser feliz [já falei sobre isso por aqui].

Preciso apenas de paz.

Quando eu era mais nova e no meu aniversário alguém me desejava, entre outras coisas, paz, eu ficava sem entender direito, como se fosse uma repetição boba, tipo: "- Felicidades, muito amor, saúde, paz...".

Hoje vejo que é um dos desejos mais maravilhosos do mundo! Ter paz é muito bom!

Quando estamos sem paz, nada progride, nada flui, nada é bom.

Podemos estar no maior palácio do mundo, cercado das pessoas mais amadas do mundo, mas se não tivermos paz, nada está bom. A cabeça cheia de grilos e tormentos não nos deixa amar o outro, tampouco viver a vida de forma mais plena.

E eu só quero paz [canta, Gil!] neste mês que se inicia. Quando estou em paz eu vejo a grandiosidade da vida. Sei que é difícil viver essa plenitude, mas no geral é possível estar com a cabeça mais livre de preocupações densas/pesadas e curtir o que nos chega de forma tão maravilhosa.

Em contrapartida, vejo que quando isso não existe, precisamos de coragem para enfrentar os problemas. Muitas vezes, para termos paz, precisamos passar pelas lutas. E pensando nisso, me veio à mente um texto de João Guimarães Rosa que diz assim:

"O correr da vida embrulha tudo. 
A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, 
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."


E assim eu sigo, tentando tirar de mim a coragem que  a vida me exige.

Beijos,

Ange.

Los Cocos - Córdoba/AR

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