quinta-feira, 13 de março de 2014

O meu desafio...


...é andar sozinho

Esperar no tempo os nossos destinos

Não olhar pra trás, esperar a paz

O que me traz

A ausência do seu olhar (...)

João de Barro, por Leandro Léo

Hoje, depois de dias de hiato, novamente me veio à mente esta canção. Acho que ela me representa sob certos aspectos, principalmente o desafio de andar sozinho. Acho isso tudo tão difícil! Mas hoje é tão necessário! Você pensa em voltar para sua casa e encontrar todo o carinho que se espera. Nem sempre. Às vezes você olha para os quatro cantos do apartamento e não encontra a pessoa, mas apenas o cheiro que ficou no travesseiro ou a toalha dela estendida no varal. Reminiscências viscerais. 

Eu sou bem forte. Vivo várias solidões, mas sempre sobrevivo. Às vezes quero estar só por minutos, horas, mas nunca por 24, 48, 72 horas, uma semana! Mas sei que elas são necessárias em certos momentos da vida. Não há uma pessoa sequer que não tenha passado por solidões. Se há, sinto muito. Sim, sinto muito. Parece loucura, mas a solidão fortalece e desenvolve em cada um o poder da resistência. Resistência a perdas, dores e dissabores. Saber ser só é um exercício para o fortalecimento da alma. Uma alma frágil sofre muito. E eu não quero sofrer pela ausência, seja ela qual for.

Mas minha maior solidão é quando coloco o prato na mesa. Depois almoço, janto e tudo passa. Solidão de minutos! Não dá para transformar objetivos de vida em tragédia grega. Toda a solidão diária, um dia, se transformará em futuro feliz. Assim espero, assim proclamo! 

Mas posso dizer também que tudo isso é um dramalhão, porque a solidão é somente física. Todos as ausências são preenchidas com palavras. "Ái, palavras, ái, palavras, que estranha potência a vossa", já dizia Cecília Meireles. E escutar a voz, mesmo de longe, já acalenta e enebria a alma. E então já não se está mais sozinho, já não se vive mais o dramalhão. 

Ah, mas quando ele chega a solidão se dissipa, se esvai. E o que consome, some. E o que era palavra se transforma em "abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim..."

Porque no domingo ele chega!

Canta pra mim, Tom:



Beijo, 

Ange. 


Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo! A solidao traz saudade, e a saudade traz a felicidade do regresso..

Parabéns pelo texto, bem escrito.